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LOURDINHA FONTÃO: DA CATEQUESE À GLÓRIA DOS ALTARES

Em São José do Rio Pardo em São Paulo, a 1º de março de 1930, nasce Maria de Lourdes Benedicta Nogueira Fontão, Lourdinha como era conhecida. Veio de família simples, pai alfaiate e mãe costureira. Mas o que eles nunca deixaram faltar em sua casa foi o ensinamento das coisas do Alto. 

 

Desde sua infância já participava na Igreja. Recebeu os sacramentos muito nova, e logo em seguida, começou a ministrar aulas de catequese para crianças.

 

Ela viveu uma vida “comum”. Aos 17 anos de idade, se formou como professora na Escola Normal Euclides da Cunha, exercendo seu cargo em escolas rurais. O acesso para chegar nas escolas era tão dificultoso que Lourdinha tinha de andar através dos meios de transporte mais inesperados, como cavalos ou burros. O percurso era tão longo que ela aproveitava a viagem para rezar o seu terço e fortalecer sua fé. Quando o assunto eram as coisas de Deus, Lourdinha não perdia tempo.

 

Casou-se com o dentista Dr. Heber Fontão, o qual vieram a ter 5 filhos juntos posteriormente. Após seu casamento, o casal se mudou para a Usina Itaiquara, onde seu esposo exercia seu trabalho. Lourdinha, por sua vez, começou a dar aulas na Fazenda Fortalezinha. Ela intercalava as aulas de português e matemática, com a evangelização. Ensinava as crianças a rezarem o terço e a buscarem a intercessão de Nossa Senhora. 

 

Em meio a suas tarefas de esposa, mãe e professora, dividia seu tempo também, atuando em diversas pastorais e movimentos dentro da Igreja. Sua missão era evangelizar: realizou trabalhos na Igreja para crianças, famílias, mães, sacerdotes, noivos, e por aí vai. Não importa o público e nem os meios, o que ela desejava era levar os outros a uma profunda experiência com Deus. 

 

Tamanho era seu desejo de difundir os ensinamentos cristãos que ela tinha uma coluna semanal na chamada “Gazeta do Rio Pardo”, além de participar de um programa na “Rádio Difusora”. 

 

Não tem como negar: Lourdinha era uma mulher de fé, se dedicou à Igreja por amor a Deus. Seu compromisso era testemunhar uma entrega através da evangelização, que fez com tamanho empenho até os seus últimos dias de vida. 

 

Durante uma viagem a cidade de Aparecida/SP, em 18 de julho de 1988, para um encontro chamado “Mariápolis” do Movimento dos Focolares, a qual participava e era muito ativa, sofreu um grave acidente de carro, ocasionando uma morte prematura e inesperada. 

 

Lourdinha teve pressa de ver a Deus. Mas seu testemunho perdura em sua família, amigos e todos aqueles que conviveram com ela. Foi um exemplo de que é possível ver a Deus através das atividades comuns do cotidiano.

UM TESTEMUNHO DE SANTIDADE COTIDIANA

Maria Luiza Breda Fontão, 63, é nora de Lourdinha Fontão e conta um pouco sobre sua vivência ao lado da sogra ao longo de sua vida:

Ao se casar com Antônio, Maria Luiza não apenas constituiu sua própria família, como ganhou uma outra. Via Dona Lourdinha, como a chamava, como uma mãe que Deus a presenteou. 

 

“A conheci quando tinha 15 anos, uma pessoa a quem admirava muito. Sempre muito dinâmica, cuidava de todos e colocava sempre Deus em primeiro lugar em sua vida e tinha o cuidado de anunciar a todos que encontrava a palavra de Deus! Aprendi muito com ela.

Me sinto muito honrada de ter conhecido e convivido com Dona Lourdinha, tão especial e que gostaria de ter tido muito mais tempo junto com nossa família, mas Deus a chamou muito cedo para o paraíso celeste.”, afirma Maria.

 

A nora relembra a brevidade da vida de Lourdinha, mas afirma que, mesmo tendo vivido pouco, ela viveu muito bem. “Eu sempre me perguntava, como as horas se multiplicavam, pois ela fazia tantas coisas em 24 horas que parecia humanamente impossível! Tinha muito zelo com as coisas de Deus, da família e também com todos que a procuravam para pedir ajuda. Estava sempre rezando por todos, visitando os doentes, levando a Eucaristia e a Palavra, escrevia muito, muitas cartas, muitas crônicas para os jornais, fazia programa na Rádio Difusora de nossa cidade, sempre anunciando e meditando a Palavra de Deus.”

 

A cidade em que moram, São José do Rio Pardo, é uma cidade do interior de São Paulo com pouco mais de 55 mil habitantes. Maria Luiza diz que não havia ninguém na cidade que não conhecia Lourdinha, pois ela era amiga de todos, além de sempre transmitir o amor de Deus por todo canto. 

 

“No dia a dia, das coisas mais simples como fazer as unhas, ela e a manicure que a atendia rezavam o terço juntas. Quando ia a cabeleireira no salão, convidava a todos para rezar o terço, parecia que ela não queria perder tempo algum. Vivenciei muitas pessoas a procurando para pedir conselhos e ela atendia a cada um com muito amor e caridade. Foi professora e ensinava, mas também transmitia a palavra, amor e zelo pelas coisas do Pai.”, relembra. 

 

Lourdinha, um exemplo de santidade no servir o próximo e na simplicidade do cotidiano. Ela conseguiu viver as virtudes e morrer com fama de santidade apenas realizando suas tarefas domésticas como mãe e esposa, no seu trabalho como professora e através da sua evangelização na Igreja, nos grupos, pastorais e ações que ela participava. Uma mulher determinada e incansável, exemplo para os cristãos.

Maria Luiza Fontão era nora de Lourdinha. Casou-se com Antônio Fernando, segundo filho de Lourdinha, há 43 anos. Maria Luiza é bancária aposentada, mas hoje trabalha com seu marido em uma firma de contabilidade. 

 

Na ocasião de seu casamento, Maria Luiza recorda um presente inesperado que recebeu de sua sogra. “Quando abrimos a mala no hotel na lua de mel, encontramos duas cartas, uma para mim e outra para ele. Tinha muitos ensinamentos e conselhos, mas ela dizia do amor de Deus para conosco, da importância de colocar Deus no nosso casamento, e do amor mútuo entre nós, que deveríamos ter o cuidado de fazer o outro feliz, para sermos felizes.”, relembra a aposentada. E ainda diz que até hoje relê a carta, que guarda com muito carinho junto com o álbum de fotos do casamento. 

 

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