Por Ana Caroline da Silva
ISABEL CRISTINA: JOVEM, ESTUDANTE E... MÁRTIR.
Muitas são as dúvidas que cercam os jovens durante sua mocidade. Qual faculdade fazer, que carreira seguir, e assim por diante. Mas Isabel Cristina sempre teve certeza do que queria: o Céu.
Isabel Cristina Mrad Campos nasceu em Barbacena, no estado de Minas Gerais, em 29 de julho de 1962. Uma menina doce, bela e alegre. Sempre gostou de participar de missas e encontros na igreja que participava com sua família, em especial, dos Vicentinos, ordem religiosa inspirada em São Vicente de Paulo, o qual é conhecido na Igreja Católica como o “Padroeiro das Associações de Caridade”.
E foi assim, ganhando apreço por amparar os mais necessitados que a jovem decidiu cursar Medicina na faculdade. Não para ganhar dinheiro, mas para ser útil e ajudar os pobres e enfermos, especialmente crianças, uma vez que Isabel gostaria muito de atuar como pediatra.
Quando estava no segundo ano do ensino médio, no ano de 1982, Isabel decide iniciar um curso preparatório para os vestibulares de Medicina, visto que é um curso muito disputado e concorrido entre os vestibulandos. Para isso, ela e seu irmão, Paulo Roberto, se mudam para Juiz de Fora, conhecida por ser uma cidade universitária, ainda no estado de Minas Gerais.
Lá, seus pais, José Mendes e Helena, compraram um pequeno apartamento para seus dois filhos morarem. Com toda essa mudança, tiveram que comprar alguns móveis, entre eles um armário, que deveria ser montado por um profissional.
No dia 30 de agosto do mesmo ano, contataram um homem de nome Maurício para ir até o apartamento dos jovens para montar o móvel. Chegando lá, de cara Isabel Cristina não gostou muito de seu jeito e de suas conversas, o qual até chegou a contar para seu irmão Beto, como era chamado por Isabel. No dia seguinte, Maurício volta ao apartamento para, supostamente, terminar o trabalho já iniciado. Mal sabiam eles que sua intenção não era essa.
O rapaz tentou violar Isabel Cristina, se aproveitando da jovem. Mas ela, irredutível, não permitiu que isso acontecesse. Maurício, vendo que não teria chances de tentar contra Isabel, começou a usar de violência para com a moça.
Os móveis que deveriam ser a marca de um novo recomeço na vida da jovem foram utilizados para agredi-la. O homem usou uma das cadeiras da casa para atingir Isabel, e logo em seguida, a amarrou e amordaçou. Sua perversão era tamanha que Maurício ainda ligou o rádio e a TV da casa para que nenhum vizinho ouvisse e suspeitasse do terrível crime que estava prestes a acontecer.
Isabel resistiu o quanto pôde, mesmo estando completamente imóvel em meio às cordas que amarravam seus membros. Ele rasgou o seu vestido, a deixando completamente despida frente ao seu agressor. Ela já se encontrava quase sem forças físicas, mas sua determinação em se manter casta, a ajudaram a enfrentar esse terrível acontecimento.
Após diversas tentativas sem sucesso, vendo que não sairia dali com seu plano concluído, o rapaz decide então se vingar da jovem da maneira mais brutal e horrenda possível: lhe apunhalando com 15 facadas.
A jovem Isabel Cristina tinha apenas 20 anos de idade quando morreu. Foi mártir da pureza. Mesmo em meio a todas as investidas do agressor, ela não baixou sua guarda e lutou até o fim para se manter virgem.
A castidade, para a Igreja Católica, é uma virtude fundamental, pois revela pureza e amor para com Deus, para consigo e para com o outro, além de respeitar a dignidade humana. E Isabel, mesmo tão nova, decide assumir essa morte, visando a vida. Vida Eterna.
"TENHO UMA SANTA NA FAMÍLIA"
José Manoel Mrad, 61, aposentado, foi primo de primeiro grau da Beata Isabel Cristina. Ele descreve a prima como uma menina meiga, bonita e tranquila, “uma menina boazinha, carinhosa, ajudava todo mundo, sempre gostou de ajudar os outros, era a vocação dela.”
O sonho de Isabel era ser médica para ajudar as pessoas que mais precisavam. “Ela visitava pessoas carentes, visitava alguma amiga que precisava de alguma coisa, fazia muitas adorações no colégio, sempre tava rezando na capela. O sonho dela era estudar, ajudar os outros. Ela queria ser médica não por dinheiro, mas falava que queria ser médica para ajudar os pobres”, afirma José.
José também recorda memórias de sua infância quando os dois brincavam juntos na casa de sua avó, e afirma que a morte de Isabel Cristina aproximou ainda mais a família que já era unida. “A gente faz o encontro da nossa família faz uns 15 anos, só não teve na pandemia reunir a família toda. A primeira coisa é a missa, depois o churrasco. A missa é importante. Entram com os quadros dos meus avós, avós de Isabel, e sempre com o quadro dela.”, relembra.
MORRER POR CRISTO? COMO ASSIM?
Um mártir nada mais é do que alguém que é perseguido e morto por defender uma causa, ou ainda por se recusar a renunciar alguma crença. Mas e no Catolicismo, qual a Graça por trás disso?
Confira abaixo Padre Márcio Prado, da Comunidade Canção Nova, explicando a visão da Igreja sobre o Martírio:
“UM MODELO PARA A JUVENTUDE”
O jovem seminarista, Andrey Silvio Soares, de 19 anos, administra hoje um perfil nas redes sociais dedicado a propagar a devoção à Beata Isabel Cristina, a qual admira muito. Ele a tem como um exemplo a ser seguido e se inspira na jovem.
Veja seu relato narrando os aspectos da vida da Beata que mais lhe inspiram:
“Isabel Cristina teve uma vida como as outras pessoas, a diferença estava na relação com Deus, colocando-o em primeiro lugar e de fato Deus era tudo em sua vida. Todos os dias Isabel rezava, fazia suas orações que tinha aprendido desde a infância, participava das Missas aos domingos e em outros dias, na medida do possível, a sua confissão era frequente, a adoração ao Santíssimo era constante e a visita aos doentes era sua alegria.
Era uma jovem como as outras, com o desejo de fazer faculdade, mas não com o objetivo obcecado em ser rica, pelo contrário, desejava ardentemente ajudar os mais pobres e necessitados, como almejava ser pediatra para ajudar as crianças mais carentes.
Foi uma jovem que viveu a sua juventude com intensidade, sem deixar de lado o essencial de cada cristão que é a vida íntima com Cristo Jesus. Uma mulher que morreu mártir por preservar a sua castidade, demonstrando assim o quanto ela levava a sério o nome de Católica e a educação recebida de seus pais. Que bonito seria se todos os jovens dessem testemunho de vida como a Beata Isabel.
No contexto social em que vivemos, a jovem Beata é inspiração para tantos jovens que assim como em sua vida, cheia de afazeres, estudos e compromissos não deixou a fé, a esperança e a caridade de lado na vivência diária. A vida da Beata Isabel Cristina é exemplo para todos os jovens, pois sendo uma jovem mulher não abriu mão de sua castidade para os prazeres mundanos e mesmo estudando tinha tempo para Deus. A realidade vivida por Isabel não é diferente dos jovens atuais e por isso o seu testemunho de vida é modelo para a juventude.”