Jovem, médico e surfista… Quem diria que esse seria o perfil de um candidato a santo?! O dono dessas características era Guido Vidal França Schäffer, nascido a 22 de maio de 1974. Guido nasceu em Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro, e lá, morando perto das belíssimas praias de Copacabana, foi onde descobriu uma de suas maiores paixões: o surfe. 

 

Seus pais, Guido e Maria de Nazareth, lhe ensinaram a ter gosto pelas coisas de Deus desde muito cedo, e ainda menino iniciou sua caminhada cristã, recebendo os sacramentos. Os pais de Guido foram o seu primeiro exemplo de doação e serviço para com os mais necessitados: seu pai, um médico, e sua mãe trabalhava voluntariamente evangelizando em escolas públicas. 

 

Viveu uma infância tranquila, sempre rodeado por amigos e pelo mar, do qual detinha grande afeição. De temperamento amigável e divertido, Guido fez diversas amizades em sua época no colégio. 

 

Mais tarde, descobriu uma outra paixão além do surfe: a Medicina. Estudou na Faculdade Técnica Educacional Souza Marques, onde fundou, juntamente com seu amigo e diretor espiritual, Padre Jorjão, um grupo de oração chamado “Fogo do Espírito Santo”. Desde a juventude já sentia um ímpeto de evangelizar os jovens. 

 

Guido escolheu se tornar um clínico geral, porque achava desafiante ter de se especializar em diversas áreas do corpo humano.

 

Nessa mesma época, Guido namorava e tinha planos de se casar e de se estabelecer como médico. Porém, tudo mudou depois de ter participado de um retiro espiritual na Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. 

 

Após ouvir uma das pregações do evento, começou a refletir sobre todas as vezes que não tinha dado assistência aos mais necessitados, mesmo tendo crescido com o exemplo de seus pais, e desde então firmou um forte desejo em seu coração de que iria ajudar os pobres. 

 

Guido confiou esse desejo a Deus, e esperou. Passados uma semana, ele conhece algumas irmãs Missionárias da Caridade, congregação instituída por Santa Madre Teresa de Calcutá, em que sua missão é baseada em prestar auxílio aos mais pobres e enfermos, e lhes ofereceu ajuda para atender moradores de rua. 

 

O médico surfista deu início então a um belo trabalho prestando serviço aos mais necessitados. Guido, porém, não se contentava apenas em ajudar, mas incentivava outros colegas de profissão a colaborarem com esta missão. 

 

Uma de suas amigas que também era médica, após ver a satisfação e empenho com que ele empenhava se entregava a serviço do próximo, o presenteou com um livro chamado “O irmão de Assis”, o qual contava a história de vida de São Francisco de Assis, santo católico conhecido por largar todos os luxos e prazeres de uma vida estável e confortável, para viver na pobreza, tendo apenas Deus como seu alicerce. 

 

A partir dessa leitura tão edificante para Guido, ele percebe algo diferente dentro de si. De repente, todas as peças do quebra cabeça de sua vida começam a se encaixar. Era isso, ele gostaria de se tornar um sacerdote.  

 

Entre livros e atendimentos na Santa Casa de Misericórdia, a qual trabalhava, Guido iniciou os estudos de Filosofia e Teologia no Mosteiro de São Bento, do Rio de Janeiro, no ano de 2002.

 

Passados 3 anos, deixou a cidade e instalou-se em Queluz/SP, aconselhado por Padre Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova. 

 

Sua estadia na cidade durou alguns poucos meses, mas mesmo com a brevidade do tempo, Guido viveu intensamente esse período de descoberta vocacional. 

 

Viveu o melhor dos dois mundos: em Cachoeira Paulista, cidade próxima a Queluz, Guido serviu voluntariamente como médico. Em Queluz, participava de um programa de evangelização na chamada “Rádio Caminho do Sol”.

 

Neste tempo, Guido dedicou-se integralmente a salvar vidas e almas. Cuidava da saúde física de seus pacientes no posto médico, mas também tratava das doenças espirituais nos atendimentos de oração que realizava aos que solicitavam.

 

Em 2008, finalmente entrou no Seminário de São José. Porém, mal sabia que sua passagem por lá seria muito breve. 

 

Foi fazendo um de seus passatempos prediletos que Guido descansou. No dia 1 de maio de 2009, no auge dos seus 34 anos de idade, Guido surfava na Praia do Recreio, no Rio de Janeiro, quando sofreu uma contusão após bater sua cabeça em uma prancha e, morreu afogado após desmaiar com o baque.

 

Apesar da morte trágica, Guido faleceu no lugar onde mais gostava: no mar. Muitas pessoas, após sua morte, começaram a chamá-lo de “Santo Surfista”, tamanha era sua santidade, amor por Deus e dedicação para com os mais necessitados.